Ecogastronomia

 

 


Mario Firmino

Consultor em webmarketing
e tecnologia da informação.
Gourmet diletante.
Líder do Convivium Slowfood Campinas.
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Devagar, para acelerar a saúde

O homem vive em uma sociedade que não para um só minuto. Mas será essa “velocidade” responsável por melhorar a vida das pessoas? O movimento internacional Slowfood defende a produção de um alimento bom limpo e justo, como forma de garantir mais saúde, satisfação e felicidade durante a alimentação.

Para ter uma vida saudável, o ser humano precisa se alimentar bem, no entanto poucas pessoas param para pensar de onde vieram os alimentos que estão consumindo, como foram tratados e por qual motivo foram comercializados e chegaram às mesas de suas casas.

O Slow Food é uma ideologia que acredita que os alimentos devem ser tratados simultaneamente por quem produz e por quem consome. Hoje em dia a maioria dos ingredientes é gerado para atender os padrões da indústria alimentícia e não para o ser humano. Não há mais a preocupação com a saúde e a vida das pessoas, os produtores fabricam para as redes ou para as centrais de abastecimento.

Foi fundado em 1989, na Itália, pelo jornalista Carlos Petrini com intuito de contrastar os efeitos do Fast Food e do ritmo acelerado da vida. Originalmente nascido com a intenção de conscientizar as pessoas de que o importante são os nutrientes dos alimentos e a exaltação de diversos sabores, o movimento evoluiu para um conceito mais amplo, onde o importante é encurtar a distância entre a produção do alimento e o seu consumidor.

Presente em mais de 150 países, a filosofia acredita no bom, no limpo e no justo, criando o conceito de ecogastronomia. Bom porque a dieta fresca e rica em sabores é capaz de satisfazer os sentidos do ser humano, sempre respeitando a cultura local. Limpo, porque é produzido respeitando o meio ambiente e a saúde humana; e justo devido a prover os pequenos produtores com uma remuneração adequada para manutenção de seu negócio.

É muito importante que as pessoas passem a refletir sobre os seus hábitos vinculados ao consumo alimentar. Consumo de grandes quantidades de alimentos industrializados gera consumo de energia e combustíveis, também irá gerar uma quantidade enorme de resíduos, além de não ajudar a cultura gastronômica local, poderá trazer malefícios a saúde, devido ao emprego de aditivos alimentares.

O Slow Food não é sinônimo de vegetarianismo nem de produtos orgânicos. Se o produto fizer parte de uma cadeia de distribuição pequena, com nenhum, no limite muito poucos intermediários, e for comercializado em sua época de sua produção, sem uso de mecanismos artificiais de conservação, já se pode dizer que este produto é bom, limpo e justo.

Há três símbolos emblemáticos, que são suportados internacionalmente pelo movimento: as comunidades de alimentos, a arca do gosto e as fortalezas. As comunidades são responsáveis pela produção e comercialização de sua produção, animal ou vegetal, diretamente aos consumidores ou pontos de venda.

Na arca do gosto, qualquer produto que corre o risco de desaparecer de uma região, é colocado simbolicamente em uma arca para ajudar na preservação, como se fosse uma Arca de Noé. Quando um produto vai parar na arca do gosto, o Slow Food passa a divulgar mais intensamente este produto internacionalmente, virando alvo de reportagens e de alguma forma conscientizando a população.

Na fortaleza, se mesmo com os esforços da arca do gosto, o produto correr um risco muito maior por questões socioeconômicas por exemplo, culturais ou de qualquer outra ordem, este preparo, ingrediente ou produto é elevado à categoria de fortaleza. Com isso pode até receber apoio financeiro de instituições internacionais, que ajudam o Slow Food.

Na Transilvânia, nas encostas dos Montes Cárpatos, os pastores se sustentam ainda graças à produção de queijo elaborado a partir do leite das ovelhas das raças tradicionais Turcanan e Tigae. Para tornar o Bânzá de Burduf um dos queijos romenos mais extraordinários e mais apreciados, os pastores envolvem o Cas (um queijo fresco) na casca de pinheiros da região. Foi criada uma fortaleza em 2006 para ajudar os produtores deste queijo tradicional e para proteger as florestas, fundamentais para a produção.

O Slow Food se organiza em grupos locais chamados “convivium” e há vários convivia no Brazil. Em Campinas, existe um Convivium, que se reúne para trocar experiências e degustar preparos da região.

Informações adicionais podem ser encontradas no site: http://www.slowfoodbrasil.com

Um slow abraço

Mario Firmino